[IA] Aliada ou Ameaça ao Trabalho Humano?
[IA] como aliada ou ameaça ao trabalho humano?
A Inteligência Artificial (IA) já está redefinindo a maneira como trabalhamos e fazemos negócios. O relatório Future of Jobs Report 2025, do Fórum Econômico Mundial, prevê que 44% das habilidades profissionais serão impactadas até 2027. No entanto, o verdadeiro desafio não é a substituição de empregos, mas a transformação das habilidades necessárias para prosperar na era digital.
Até 2030, as habilidades com maior crescimento não serão apenas as tecnológicas, mas também as essencialmente humanas – pensamento crítico, criatividade e colaboração. No futuro impulsionado pela IA, a verdadeira vantagem competitiva será a sinergia entre inteligência artificial e inteligência humana. - Teixeira Júnior
Desde os primeiros confrontos entre humanos e máquinas, como Kasparov vs. Deep Blue e a supremacia da IA no AlphaGo, chegamos a um cenário onde algoritmos já atingem notas máximas no vestibular do ITA, um feito típico de alunos cearenses. Mas, diante dessa revolução, a grande questão é: a IA será nossa aliada ou uma ameaça ao trabalho humano?

A Guerra do Carbono com o Silício: Tecnologia e Educação
Ainda em 2021, atuando diretamente em soluções educacionais, implementação de tecnologias em escolas, avaliando Edtechs para M&A e Novos Negócios, fiz uma palestra para os times de Editorial e Tecnologia intitulada: “A guerra do carbono com o silício – Uma história sobre a humanidade e sobre as máquinas na Educação”
Mesmo durante a pandemia, já afastava a ideia da substituição dos professores pela tecnologia, destacando seu uso como uma forma de potencializar as habilidades humanas e reduzir a carga de trabalho em tarefas repetitivas.
Naquele momento, o desafio era apresentar a IA na personalização da aprendizagem, na formação continuada e no suporte à docência e tivemos uma vitória com os projetos do Plurall Adapta e logo depois com o Plurall IA e outros implementados na rede pública nos estados do Mato Grosso e no Pará.

Esse debate foi reforçado na Bett Brasil, no Fórum de Gestores, onde a preocupação foi direcionada à necessidade de adequação de professores e diretores para Novos Futuros, com base nas competências da BNCC e nas Competências do Diretor Escolar definidas pelo CNE.

A guerra desnecessária entre carbono e silício não deveria ser sobre a substituição de um pelo outro, mas sim sobre como integrar o potencial da tecnologia ao desenvolvimento humano.
- Teixeira Júnior
Se esse posicionamento já fazia sentido na adoção de tecnologias (desafios e oportunidades) na Educação, agora se torna ainda mais urgente na sociedade, no mundo dos negócios e na economia global com a chegada dos modelos generativos.

Então, sim, vale a pena insistir nesse tema da formação continuada, ou melhor, lifelong learning e techskilling.
Mas agora é hora de ampliar a discussão para o setor de Negócios, Financials e Business sob os aspectos de Ameaça ou Aliada na era da IA.
IA e desigualdade digital: O risco da falta de preparação
A IA tem o potencial de impulsionar a produtividade e transformar mercados, mas também pode aprofundar desigualdades. Profissionais e empresas que não investem na requalificação digital correm o risco de obsolescência acelerada, enquanto aqueles que dominam a tecnologia ampliam suas oportunidades.
Outro relatório, agora da Asian Development Bank (ADB) estima que a digitalização pode gerar 65 milhões de novos empregos por ano até 2025, especialmente nos setores de saúde, educação e engenharia. Países como Coreia do Sul e Singapura já compreenderam essa realidade, investindo bilhões na integração da IA no ensino e na formação profissional.
O relatório acima, em corte, confirma o próprio relatório e estudo do Fórum Econômico Mundial, onde:
- 170 milhões de novos empregos serão criados até 2030
- 92 milhões de funções atuais serão substituídas
- 44% dos trabalhadores precisarão de requalificação nos próximos 5 anos
E o Brasil? Bem, ainda não respondeu de forma estruturada a esse desafio e a outros estruturais como a melhoria da educação básica. Enquanto países asiáticos reformulam currículos para incluir ciência de dados, pensamento computacional e IA, a educação brasileira permanece engessada.
Ficamos entre os últimos colocados no PISA em matemática e leitura — habilidades essenciais para a economia digital, veja BBC News Brasil.

Essa lacuna educacional que vem se arrastando impacta trabalhadores individuais, empresas e seus líderes nas tomadas de decisão que, muitas vezes, não conseguem aproveitar o potencial da IA para transformar seus negócios.
A relação entre capacitação e adoção da IA no setor financeiro
A falta de formação adequada não apenas retarda a adoção da IA nas empresas, mas também prejudica o retorno sobre investimento (ROI).
Dados do setor indicam que 39% das empresas enfrentam dificuldades para integrar IA aos seus sistemas existentes, enquanto 34% esbarram em custos proibitivos.

Nos níveis de C-Level, esse cenário também é preocupante: executivos ainda utilizam métricas tradicionais para medir produtividade, enquanto a IA exige novos indicadores, como eficiência operacional e impacto no cliente.
Empresas que, por exemplo, não ajustam seus modelos de governança para a IA ficam vulneráveis a riscos regulatórios, dificuldades de compliance e desperdício de investimentos.
Apenas 10% das empresas possuem diretrizes bem estruturadas para governança e monitoramento da IA, o que pode comprometer a transparência e segurança dos processos automatizados.
Casos reais: Como a IA já está transformando o setor financeiro
O setor financeiro está na vanguarda da implementação de IA, e algumas das maiores instituições do mundo já estão colhendo os benefícios:
- UBS: implantou um Copilot para 50.000 funcionários, permitindo que analistas reduzam tempo em tarefas burocráticas e foquem em atividades estratégicas.
- BlackRock: lançou o Copilot da Microsoft para seus 24.000 funcionários, aprimorando análises financeiras e automação de relatórios.
- Morgan Stanley: desenvolveu o AI @ Morgan Stanley Assistant, economizando horas de pesquisa documental para consultores financeiros e oferecendo insights personalizados aos clientes.
- JP Morgan: criou oIndexGPT um assistente que identifica tendências emergentes para ampliar o portfólio de investimentos.
- Klarna: implantou um assistente de IA que substitui o trabalho de 700 agentes de atendimento, economizando US$ 40 milhões anualmente.
Esses exemplos mostram que a IA não elimina o trabalho humano, mas amplifica a capacidade analítica, reduz custos e melhora a tomada de decisões em um modelo de substituição e adequação.
O futuro da IA: ação imediata ou marginalização digital?
A IA não é uma ameaça inevitável ao trabalho humano, mas seu impacto dependerá da capacidade de adaptação de empresas e profissionais. Países e organizações que investem em capacitação digital e requalificação estarão à frente na corrida tecnológica. Já aqueles que negligenciarem essa realidade enfrentarão desemprego estrutural e perda de competitividade.

Declarações e Conclusões
§ 92% das empresas da Fortune 500 já utilizam IA e investem, em média, US$ 18 milhões por ano na tecnologia.
§ 60% dos trabalhadores precisarão de requalificação até 2027 para se manterem competitivos.
§ Empresas que adotam IA corretamente reportam redução de custos operacionais (82%) e aumento na retenção de clientes (82%).
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Sam Altman, OpenAI:
• Agentes de IA começarão a transformar a força de trabalho já em 2025
• Esses sistemas executarão tarefas semelhantes às de engenheiros de software em início de carreira
• Poderão ser implantados em milhares ou milhões de instâncias
Dario Amodei, Anthropic:
• Prevê que os sistemas de IA serão amplamente melhores do que os humanos na maioria das tarefas até 2026-27
• Antecipa uma transformação em múltiplos setores, incluindo a maioria das tecnologias no ambiente de trabalho
O futuro do trabalho não será determinado pela ameaça da IA, mas pela maneira como escolhemos integrá-la e preparar nossa força de trabalho.
Isso inclui capacitar a geração atual por meio de uma educação alinhada às novas exigências do mercado e apoiar empresas na adaptação de seus modelos de negócio para uma nova era.
- Teixeira Junior: LinkedIn
- Chief Strategy Officer – AIRACEMA Grupo (www.airacema.com)