Impactos da [IA] na Cognição: Novo Desafio para a Liderança Estratégica
Introdução
A Lacuna de Habilidades na Era da IA
De acordo com o Cisco’s 2025 AI Briefing: CEO Edition, 40% dos CEOs identificam lacunas de habilidades e conhecimento em suas equipes como a principal barreira para adoção e expansão de tecnologias e da própria Inteligência Artificial (IA) nos negócios.
O relatório traz outros dados interessantes, dentre eles que somente 2% se sentem aptos para adotar a IA. O que realmente estamos vivendo com essa enxurrada de opções?

Além do Pico: Estaríamos Regredindo em Capacidade Cognitiva?
Bem, um artigo do Financial Times (2025), Have humans passed peak brain power?, chama nossa atenção para os desafios enfrentados por CEOs diante das tecnologias e da força de trabalho atual.
🧠 1. Capacidade cognitiva em declínio prático, não biológico
- Embora a biologia do cérebro humano não tenha mudado, a aplicação prática da inteligência tem diminuído desde o início da década de 2010.
- Isso afeta diretamente analistas, cuja função depende de raciocínio lógico, análise de dados complexos e resolução de problemas novos.
🔎 2. Redução no foco e na atenção sustentada
- Há um aumento expressivo, desde meados da década de 2010, na dificuldade de jovens e adultos em concentrar-se, pensar com clareza e aprender coisas novas.
- Isso impacta a atenção plena necessária para interpretar cenários complexos, manter a consistência analítica e lidar com decisões estratégicas.
📉 3. Queda na capacidade de raciocínio verbal e numérico
- O relatório destaca um crescimento no número de adultos incapazes de aplicar raciocínio matemático básico para avaliar informações — chegando a 25% nos países ricos e 35% nos EUA.
- Para analistas, isso significa uma ameaça direta à qualidade das análises quantitativas, à validação crítica de dados e à clareza argumentativa.
📲 4. Efeito da transição digital: de navegadores ativos a consumidores passivos
- A substituição da leitura ativa por feeds infinitos e consumo visual passivo compromete:
- Autonomia intelectual;
- Capacidade de auto-organização mental;
- Discernimento diante da avalanche informacional.
⚠️ 5. Impacto negativo do excesso de estímulos digitais
- A exposição constante a notificações, múltiplas abas e contextos simultâneos prejudica:
- Memória de trabalho;
- Autorregulação emocional e cognitiva;
- Tomada de decisão deliberada e estratégica, essencial para analistas que precisam pesar cenários com base em múltiplas variáveis.

Das Calculadoras à IA: O Dilema do Uso Inteligente
A antiga polêmica sobre o uso de calculadoras nas escolas, que movimentou professores em 1988, ressurge hoje com a inteligência artificial (IA) dentro dos escritórios.
Já na década de 1980, o National Council of Teachers of Mathematics defendia que, com orientação adequada, tecnologias poderiam fortalecer o raciocínio de ordem superior.

Assim como ocorreu com as calculadoras, a inteligência artificial pode impulsionando a produtividade. No entanto, se mal implementada ou usada sem critérios, pode enfraquecer habilidades-chave, comprometer a segurança dos negócios e aumentar o risco de vazamentos de dados sensíveis.

Liderar na era da IA é enxergar além de prompts — é decidir com pensamento crítico em meio ao caos de informações. - Teixeira Júnior.
A Nova Liderança na Era da IA
Nesse novo cenário em que a Inteligência Artificial permeia decisões estratégicas e operacionais, a habilidade de formular boas perguntas torna-se uma das competências mais valorizadas entre líderes de tecnologia e negócios.
💬 Satya Nadella, CEO da Microsoft, reforça: "questionar impulsiona o aprendizado contínuo", destacando que a qualidade das perguntas conduz a qualidade do pensamento.

🔍 Jensen Huang, CEO da NVIDIA, afirma que "dou menos respostas e faço mais perguntas", utilizando o conceito de Leadership Prompting para fomentar inovação em suas equipes.

🧭 Jane Fraser, CEO do Citi, complementa: "No mundo da IA, o diferencial está em formular bons prompts."

Em A arte de perguntar como ferramenta essencial da liderança na era da IA, Andrea Iorio destaca a importância de formular perguntas estratégicas — aquelas que desafiam suposições, ampliam horizontes e extraem o melhor tanto das equipes quanto das tecnologias.
À medida que a liderança precisa desenvolver novas competências para navegar em um ambiente cada vez mais automatizado, a ausência de supervisão crítica na adoção dessas tecnologias pelos times expõe as organizações a riscos significativos.

Produtividade Tóxica: Quando Automatizar Significa Fragilizar
Entre o proibir, o permitir e o disciplinar: a rotina das organizações tem cedido espaço a uma automação sem filtros, sem supervisão e sem governança.
A seguir, alguns exemplos que mostram como esse desafio atinge todos os níveis: da base ao topo das organizações.
Profissionais no Mercado de Trabalho
- Contabilidade com IA para relatórios fiscais: Softwares automatizados replicam erros estruturais ao preencher obrigações fiscais. Sem revisão humana, brechas geram penalidades, especialmente em empresas multijurisdicionais.
Tecnologia e Equipes Operacionais
- Desenvolvimento com GitHub Copilot sem supervisão: O uso irrestrito gera códigos inseguros e mal estruturados, com dependências frágeis, aumentando o risco de falhas sistêmicas ou ataques cibernéticos.
- Automação em Cloud sem compreensão: Pipelines de CI/CD com permissões amplas e configurações padrão, como em AWS e Azure, criam brechas que expõem ambientes inteiros a ataques.
Líderes e Tomadores de Decisão
- DirEx e Stakeholders baseando decisões em dashboards de IA: Ferramentas como IBM Watson ou Tableau ignoram variáveis contextuais. Decisões sem intuição ou análise histórica enfraquecem a accountability e o aprendizado organizacional.
A forma como adotamos estrategicamente a IA define nosso papel na cadeia de valor: ou nos tornamos o produto, ou transformamos o negócio.

Conclusão: Um Realismo Esperançoso para a Era da IA
A pergunta central permanece: podemos usar a IA sem comprometer o que nos torna humanos?
A resposta exige equilíbrio. A IA pode, sim, ampliar nossas capacidades — mas, quando usada sem critério, tende a enfraquecer a autonomia, a criatividade, o pensamento crítico e colocar os negócios em risco.
No entanto, a responsabilidade recai sobre as lideranças. CEOs e executivos precisam garantir que a IA seja usada de forma estratégica e responsável, preservando a capacidade humana de pensar, decidir e inovar.
🔹 Sua empresa está preparando suas lideranças para essa nova realidade?
🔹 Quais frameworks de governança estão sendo implementados para evitar automação sem supervisão?
Por exemplo, a adoção de padrões como a ISO 27001, que estabelece diretrizes para a gestão de segurança da informação, pode ajudar a mitigar riscos de vazamentos e garantir a proteção de dados.
Além disso, frameworks éticos como o IEEE Ethically Aligned Design oferecem princípios para o desenvolvimento e uso responsável da IA, promovendo transparência, equidade e responsabilidade nas decisões automatizadas.

E Ariano Suassuna já dizia: “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.”
Sigamos esse caminho: nem ingênuos, nem alarmistas — mas estrategistas na era da Inteligência Artificial.
- Teixeira Junior: LinkedIn
- Chief Strategy Officer – AIRACEMA Grupo (www.airacema.com)